domingo, 9 de junho de 2013

Servir Almada

Servir Almada. Foi este o lema com que os candidatos do CDS se apresentaram às eleições autárquicas de 2009 em Almada.

Quatro anos passaram. Na Assembleia Municipal de Almada cumprimos com fidelidade os compromissos eleitorais. É de justiça reconhecer que dois deputados municipais fizeram a diferença que partidos inteiros não conseguiram, entregues a um jogo bizarro de vassalagem à Presidente da Câmara comunista. 

Há quatro anos, apesar de ter obtido o melhor resultado de sempre, o logro do voto útil impediu que o CDS elegesse um vereador para o executivo. Teria feito toda a diferença. Em quatro anos, a oposição eleita assegurou à CDU a maioria na Câmara que os almadenses não lhe entregaram e, com ela, a perpetuação de abusos e oportunidades perdidas. «Oposição construtiva» é o eufemismo para a sua desfaçatez.   

Decidi aceitar o convite que a Concelhia de Almada do CDS me dirigiu para ser candidato a Presidente da Câmara Municipal. Sei o contexto difícil desta candidatura, com o país mergulhado numa crise avassaladora. Mas também sei que os almadenses reconhecerão a liberdade com que sempre me manifestei e votei, na Assembleia Municipal de Almada e na Assembleia Metropolitana de Lisboa, mesmo quando isso significou criticar o meu próprio partido e a sua política para o país. 

Não obstante, creio poder afirmar que fui fiel aos princípios fundacionais do CDS. Um partido não se esgota nos seus dirigentes conjunturais. Mais do que nunca, faz falta um partido personalista e com os valores que o programa do CDS incorpora. Assim o queiram aqueles que têm o dever de representar os cidadãos na procura do bem comum.

Aceitei o convite com espírito de serviço. Não estamos em condições de voltar costas à intervenção cívica num momento em que Portugal precisa do melhor que possamos dar. Nem poderia refugiar-me no conforto do tacticismo político, quando as candidaturas alternativas à CDU que já se apresentaram prometem mais do mesmo.

Esta candidatura é por Almada, a minha terra. Que fique claro que não houve mais nenhum compromisso com as estruturas dirigentes do CDS. Tenciono continuar a exercer com total liberdade a minha cidadania. Também por isso, sei que os almadenses saberão reconhecer quem lhes fala verdade.

Será oportunamente apresentado o nosso Programa Eleitoral. Procuraremos que ele plasme as legítimas aspirações dos cidadãos de Almada. 

Mãos à obra!

Fernando Sousa da Pena

domingo, 2 de junho de 2013

Sobre o cadáver do Polis...

Transcrevo a minha intervenção na última Assembleia Municipal, na discussão da proposta do Município para a reprogramação do Polis da Costa da Caparica. A proposta acabaria aprovada pela maioria comunista e os partidos que habitualmente a apoiam nestas tratantices do ordenamento do território: BE, PS e PSD. 


A proposta que nos foi trazida pela Câmara Municipal é um testemunho das razões pelas quais os cidadãos tantas vezes se afastam da vida política. Porque ela materializa a falta de pudor pelo esbanjamento do dinheiro dos contribuintes.

O Polis é um programa que nasceu morto e cresceu ensombrado por erros elementares de planeamento, soluções técnicas incompetentes e descontrolo financeiro.

Esta autarquia, na ânsia dos lucros do imobiliário, tem décadas de massificação urbana e suburbanização, destruindo a paisagem e o potencial turístico da região. A Costa da Caparica é só mais uma das suas vítimas. São muitos anos de incúria e oportunidades perdidas, em que a simples localização geográfica deveria ter sido um apelo ao cuidado.

Depois veio o Polis. Dinheiro, muito dinheiro, dos portugueses e a que poucos deve ter aproveitado. E mais outra oportunidade perdida. Planeamento a retalho. Falta de imaginação. Pressão imobiliária sobre o litoral. A ideia peregrina de despejar 17 mil utentes de parques de campismo sobre a já massacrada população da Charneca, como se não bastasse, à custa do abate de quase 10 mil árvores. O incentivo ao turismo de toalha e chinelo. A pedra de toque do assalto a Reserva Agrícola, Reserva Ecológica Reserva Botânica e Paisagem Protegida, com a estrada regional 377-2. Eis o Polis no esplendor dos seus autores e dos autarcas que o têm aplaudido.

Os resultados estão à vista. Seriam caricatos se não tivessem custado tanto aos contribuintes. E deveriam ser suficientes para, com decoro, acabar com este pesadelo e procurar uma solução de bom senso e bom gosto, com estratégia de futuro e valorização do património, tornando a Costa um destino turístico de qualidade e durante todo o ano.

Mas o que vemos? Isto. A vontade de prosseguir o delírio, à custa da solução do costume: mais dinheiro, que o país não tem, e negócios com terrenos, a que, quem sabe, se pode juntar mais alguma acção violenta contra quem se atravessa no caminho. É a história daqueles a quem o autor do blogue ambientalista a-sul chamou «interesses rascas».

Conservo cuidadosamente o boletim municipal em que me acusaram de impedir a unanimidade em torno do Polis. Hoje seremos dois. Que se saiba.