sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Abjecto


Nove em cada dez deputados são liderados por maçons
06 Janeiro 2012 | Jornal de Negócios
Bruno Simões - brunosimoes@negocios.pt

http://www.jornaldenegocios.pt/statsGen.php?id_autor=1239&nrand=4.0356685663573445e+21
Há três líderes parlamentares que pertencem à maçonaria: Carlos Zorrinho (PS), Luís Montenegro (PSD) e, ficou-se a saber hoje, Nuno Magalhães (CDS-PP). Os três lideram, ao todo, 206 deputados (são 230), o que indica que 90% do Parlamento, ou nove em cada dez deputados, são liderados por maçons.















«De acordo com o “Diário de Notícias”, que já tinha antecipado que Zorrinho também é maçon, Nuno Magalhães integra o Grande Oriente Lusitano (GOL), a maior obediência maçónica portuguesa, à semelhança do líder do PS. 



Já Luís Montenegro faz parte da segunda maior loja, a Grande Loja Regular de Portugal, através da Loja Mozart – da qual fazem parte o ex-director das “secretas” Jorge Silva Carvalho ou vários quadros da Ongoing, como Nuno Vasconcellos. 

O diário conclui que desde que há democracia, só por uma vez houve um Governo a integrar um outro partido fora do “arco do poder”: o Partido Popular Monárquico, que através do arquitecto Ribeiro Telles fez parte da Aliança Democrática. Os deputados que representam os partidos do Governo, e que o suportam, estão, assim, sob liderança de maçons. 

Para Francisco Assis, ex-líder parlamentar do PS, a descoberta destas filiações secretas representa “um problema”, que os políticos terão de resolver. O deputado do PSD José Matos Correia, contudo, é bastante mais assertivo: “os políticos não deveriam pertencer a associações secretas”. Marques Mendes, Santos Silva e Cristóvão Norte partilham da mesma opinião. Já José Lello considera “ridículo” os deputados terem de revelar as filiações. 

De acordo com “Público” e “Expresso”, também um dos actuais “vices” da bancada do PSD, Miguel Santos, é maçon, bem como os antigos líderes Pedro Duarte e Agostinho Branquinho (que saiu do Parlamento para a Ongoing).» 


A notícia do Jornal de Negócios não é surpreendente. Mas há coisas que ficam muito mais claras. Escreve-se hoje mais uma página da pobre história da política portuguesa. E com ela vai-se completando o miserável retrato de um país entregue à mentira. 

Tem quase um ano que me afastei da distrital do CDS, liderada precisamente pelo Dr. Nuno Magalhães. E sinto-me hoje cada vez mais longe deste CDS sem ideologia nem personalidade, com vocação de cata-vento, e, pelos vistos, entregue à influência perversa da maçonaria. Um partido que trai a cada dia os seus princípios fundacionais e, acredito, grande parte dos seus militantes e dos seus eleitores.

No dia 18 de Março de 2011 escrevi neste espaço:

«Se o Dr. Ribeiro e Castro me permite o plágio, talvez esteja hoje mais do que nunca na vida do CDS “completamente livre, completamente solto”. Um dia alguém escreveu que para se viver nos partidos portugueses tem de se ser especialista em política de sótão. Se assim for, deixem-me estar na cave... 
(…) 
Não quero escrever sobre a vida interna do CDS. Infelizmente, nos partidos em Portugal,a tal política de sótão, as trocas de favores, os jeitinhos, a subserviência ou... um vistoso avental têm uma lógica muito própria, que se impõe às ideias e princípios, e que acaba por tornar-se insuportável.» 

No dia 18 de Abril, numa Declaração Política a que me senti obrigado, acrescentei:

«Já o disse por diversas vezes: nunca estive no partido atrás de lugares ou de focos luminosos. O primeiro cargo que tive foi-me praticamente imposto pelo delegado distrital num café de Almada a poucas horas do limite para a entrega de listas. Mais tarde, recusei uma nomeação política para subdirector do STAPE. Mas não me peçam para aceitar de novo danças de lugares e trocas de favores em que o mérito, o pensamento político e as provas dadas pouco contam.» 

Se me permitem dizê-lo, as palavras de então ganham hoje mais significado. Pobre CDS. Pobre país. 

Termino com a transcrição de dois comentários à notícia inicial. Eles traduzem, à sua maneira, aquele que será o sentimento dos que olham para Portugal e vêem um país esventrado por estes interesses ocultos, pela mentira e pela ganância. Mas «que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?» (Mc 8, 36) 


«É esta escumalha que traficando influências de avental e orelhas de play-girl se atreve a ser anti-clerical e jocar com o catolicismo? Patéticos... sem coluna vertebral... mascarando-se de secretos e rastejando quanto necessário para alcançarem um lugarzito de deputado...» 



«Senhor deputado (maçon desde hoje): devolva-me o meu voto! Votei nas últimas eleições para mudar de governo. Votei conscientemente, depois de muito ouvir na campanha e das propostas, porque entendi que o meu voto ia ser destinado a um deputado do meu círculo eleitoral de Setúbal que me representaria afincada e adequadamente. 

E essa minha convicção escudava-se na adequação das propostas e compromissos partidários que esse deputado iria defender e tentar pôr em prática depois de eleito. Sei agora, muitos meses depois, que esse mesmo deputado, que agora é líder da sua bancada, deve obediência a uma organização secreta, a maçonaria do Grande Oriente Lusitano, que tutela as suas acções e precede a própria obediência partidária. 

Sinto-me traído na minha confiança, credulidade e direito de voto. Porque obviamente pensaria de outro modo se tivesse sabido que este deputado eleito com o meu voto tinha este tipo de participação numa organização secreta. O que eu queria mesmo, com legitimidade de ter sido iludido sobre as convicções e tutelas do meu representante, era que ele me devolvesse o meu voto. Mas sei que isso ele não vai fazer e que ficará no meu Parlamento a defender sabe-se lá que interesses. Que raio de democracia esta!» 

José Pinto Correia

27 comentários:

Anónimo disse...

Deixe-me felicitá-lo de novo pela sua frontalidade. Pôs o dedo em mais uma ferida, esta bem gorda, fétida e cheia de pus. Que políticos execráveis temos. Agora podemos perceber do que falava há um ano. Por favor continue. Bem-haja.

Anónimo disse...

Tinha-te dito, Fernando, que em Portugal a política é muito suja e que não te merece. Todos sabemos como gente que nunca acrescentou nada pode ascender à custa destas nojices. Olha: deixa-os entregues à sua vã glória. Um abração.

JTC

Anónimo disse...

Li e partilho.

Sinto me traido , sinto vontade de sovar quem me traiu e acima de tudo quem usou o meu voto para outros interesses !!!não quero o meu voto de volta porque acredito no meu Partido mas quero que se demita e use o Avental em outro lado !! e não quero explicações nem basófias !!demita se !! largue o tacho JÁ !!!O PAULO PORTAS deve demitir já !!!Os Media fizeram uma pergunta que não teve resposta é um silêncio sepulcral e quem cala consente !!NAO QUERO VOTAR EM TIPOS MAÇONS !! E Se são e exercem cargos Públicos tenho o direito de saber !!

JB

Anónimo disse...

Dr.Pena, não pode ser tão brando. Devemos exigir a demissão do deputado Nuno Magalhães!!! Não vejo onde conciliar a sua prática maçónica e os seus ideiais de secretismo com representar um partido democrata cristão e os seus eleitores. DEMITA-SE!!!

Fernando Sousa da Pena disse...

Para que não reste qualquer dúvida da interpretação que faço deste caso.

O CDS tem um Programa, que deverá ditar a sua prática política e a conduta dos seus dirigentes e eleitos.

O CDS é um partido democrata-cristão, que se identifica nos valores do Cristianismo. Segundo o Programa «o Partido Popular, por ser democrata-cristão, é o único representante legítimo, em Portugal, de uma das grandes escolas do pensamento democrático europeu, a escola do humanismo cristão.

(...)

O relativismo moral banaliza a prática do mal. Democratizam-se os defeitos e generaliza-se a resignação. Não é por acaso que o nosso tempo é também o tempo dos discursos viciosos: aceita-se a autoridade como supressão da crítica, aceitam-se os partidos como agências de emprego, aceita-se a política como deserção da excelência, aceita-se a política como realização do interesse próprio, aceita-se a política como fonte de privilégios, aceita-se até a corrupção como consequência mais ou menos normal da política. Este é o nosso tempo. Esta não é a nossa ideia de política.»

Eta não é a ideia de política da esmagadora maioria dos militantes e eleitores do CDS. Não vejo um milímetro de compatibilidade entre os princípios fundacionais do partido e a pertença à maçonaria.

«‎(...) pude observar o contínuo crescimento da instituição, através das suas novas obediências, no seio de gente nova cuja atracção pelo Supremo Arquitecto e pelos bons costumes me parecia bastante remota. Pelo contrário, todos os que ia conhecendo a entrar na Maçonaria, nos meios políticos, económicos e da comunicação social, pareciam atraídos por uma coisa muito diferente: poder, influência e dinheiro, por esta ordem ou por outra ordem muito semelhante.» (J. Pacheco Pereira)

Que o CDS tenha um dirigente nacional, líder parlamentar e deputado maçon é uma traição às fundações do partido e uma perversão incompreensivel de tudo aquilo por que tantas gerações de militantes lutaram.

O silêncio do Dr. Paulo Portas sobre o assunto é insustentável.

Anónimo disse...

Estou de acordo. Devolvam-me o meu voto, que nunca pensei estar a eleger um maçon. Os militantes do CDS-PP deveriam estar envergonhados e não percebo o silêncio dos dirigentes.

Fernando Sousa da Pena disse...

«Foi devido às pressões conjuntas do PS e do CDS que, no Parlamento, foram retiradas do projeto de relatório final sobre as "secretas" as referências à influência maçónica nos serviços.»

O meu partido vai de mal a pior.

Fernando Sousa da Pena disse...

‎"A ideia de que o atual PSD está fortemente influenciado pela maçonaria deixou o partido fortemente embaraçado, o que levou por exemplo Luís Montenegro, líder da bancada parlamentar, a explicar-se, num artigo no Expresso." (DN).

Só no CDS não vejo sinais de embaraço...

Fernando Sousa da Pena disse...

A penetração da maçonaria na estrutura dirigente do CDS é o golpe que faltava na descaracterização do partido.

O CDS parece que já não tem identidade e é um amontoado de slogans circunstanciais, mas então serve para muito pouco.

Se o CDS é um cata-vento sem ideologia então é dispensável.

Mas, mesmo assim, se os dirigentes querem essa amálgama disforme, que se deixe os militantes decidir. O partido não pode ter um Programa desprezado ao sabor das lideranças.

Fernando Sousa da Pena disse...

Sobre o assunto, a única declaração do Dr. Nuno Magalhães termina com:

«Questionado pelo CM se, então, não é maçon, o responsável respondeu: "A conclusão é sua.»

Enfim, enquanto assistimos à morte do país, ficamos pelo menos com a certeza que que sucumbimos, mas de avental...

Anónimo disse...

Já que citou Pacheco Pereira deixe-me acrescentar outra parte do texto.

"Na verdade, no Parlamento, nas "jotas", nos jovens quadros partidários, nos quadros do aparelho partidário, eram os especialistas no controlo do poder interno, envolvidos muitos deles em tráfico de influência ao nível das autarquias, dos partidos e da governação, e subindo na carreira através de sindicatos de votos e de trade off de favores e lugares, ou seja, nos mais ambiciosos profissionais partidários, que eu via de repente aparecerem numa loja maçónica qualquer. Porquê? Porquê? A resposta só podia ser porque isso lhes potenciava a carreira, a ascensão social com novos conhecimentos e novas relações de entreajuda oriundas da sua filiação maçónica. Há excepções, mas são mesmo excepções."

Não lhe faz lembrar nada do que aconteceu no distrito de Setúbal no ano passado?

Anónimo disse...

Ou ainda "Se ser eremita no deserto da Judeia, viver em cima de uma coluna e olhar um dia inteiro para uma caveira lhes desse um lugar de secretário de Estado, deputado, presidente de uma distrital, chefe de gabinete, assessor num Governo, ou membro de uma administração municipal, ou qualquer outro lugar de poder, dinheiro ou influência, eles também lá estariam nus a subir à coluna com uma caveira de plástico comprada no Toys"r"us. Pelo mais curto período de tempo necessário, como é evidente."

Não se recorda de um dono e dos seus sabujos em 2011 no CDS-PP do distrito?

Inez disse...

Aguardo um texto seu sobre aquela outra organização secreta a Opus Dei.

Fernando Sousa da Pena disse...

Não vejo mesmo que relação tem o Opus Dei com esta dicussão. E menos vejo o que tem de secreto. Trata-se de uma Prelatura pessoal, pertencente à hierarquia da Igreja, com propósitos bem conhecidos de natureza exclusivamente espiritual.

Sim, sou católico, mas não compreendo como falar da Igreja pode, neste post, contribuir para o debate. Lamento, pode ser falta de esclarecimento da minha parte...

Anónimo disse...

Fiquei em choque ao saber que a maçonaria tomou o CDS.
Já não basta o CDS contemporizar com leis anti-família e agora saber que temos deputados dessa mafia criminosa.
Jamais votarei em partidos que elegem maçons! Jamais!

Anónimo disse...

Este assunto é mesmo para entreter a malta. Atiraram os maçons às feras para desviar as atenções, talvez um pouco de esclarecimento não seja nada mau. E as religiões serão elas estruturas democráticas e transparentes? Esta conversa além de já cheirar mal, está á medida de desviar as atenções de assuntos bem mais importantes e que ninguém comenta!

"É extremamente difícil falar muito sem dizer algo a mais." (Luís XIV de França

Fernando Sousa da Pena disse...

Tem uma opção: não ouvir nem ler nada sobre o assunto. Mas o tempo de forçar o silêncio dos outros já lá vai.

Anónimo disse...

Se o Sr. Fernando Pena está tão apavorado com o que se passa no CDS PP, porque não se demite do Partido e tenta outro Partido? Talvez consiga um lugar de destaque! Não é isso que quer?

Fernando Sousa da Pena disse...

A pergunta final é uma provocação inútil. Em 2002 fui convidado para subdirector do STAPE. Recusei.

Depois de ter desempenhado a terefa de Deputado Municipal, aceitei ser apenas o nº2 na lista para a Assembleia Municipal de 2005.

Regressei à política activa em 2009 por pedido expresso, mas não quis candidatar-me a presidente da Concelhia de Almada.

Em 2011 tentaram fazer acordos comigo, acenando-me com a futura nomeção para o IMTT. Recusei.

Tenho profissão, não dependo da política, nunca tive cargos de nomeção partidária, nunca calei a minha opinião em troca de ser um lambe-botas do presidente do partido.

Deixe lá essa história do lugar de destaque, porque é uma acusação que só pretende desviar a discussão do essencial

Fernando Sousa da Pena disse...

O que está a suceder no CDS é, de facto, pavoroso. Ter um partido democrata-cristão infiltrado pelos interesses obscuros da maçonaria, é uma traição à história do CDS e aos seus militantes e eleitores.

Ter um partido sem ideologia, sem princípios e que vive à custa de ideias fragmentadas de circunstância, é um erro que se pagará caro.

Mas eu sei em que partido estou. Conheço o Programa do CDS e identifico-me com ele. Os oportunistas passarão, e o partido continuará.

Fernando Sousa da Pena disse...

«A deriva fracturante que a maioria Socrática protagonizou merece correcção. Esse ponto no “caderno de encargos” devia ser afirmado e não esquecido. Vem isto a propósito das conquistas que o meu Partido tem afirmado no seio da coligação governamental.

Claro está que em política há cedências, mas não em temas que não são minudências. As leis de relativas à família, ao aborto, ao casamento de pessoas do mesmo sexo, as questões relacionadas com os símbolos religiosos, merecem correcção com a nova maioria.

E nisso, não renegando os princípios consagrados nos estatutos em vigor, consiste também o papel do CDS nesta governação.

José Oliveira Ascensão, na revista da Ordem dos Advogados Abril/Junho de 2011, explica, a propósito do casamento de pessoas do mesmo sexo, que não há irreversibilidade.

“Um político assume-se”. Assumam-se, querendo, os nossos políticos.»

José Gagliardini

Anónimo disse...

Deixe-os falar, Dr Pena. São gente asquerosa e comprometida e agora vê-se os seus reais interesses maçónicos. Eles não suportam pessoas com princípios e coluna vertebral.

Anónimo disse...

Ao anónimo das 18:59, dedico esta célebre frase:

“Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, no que respeita ao universo, ainda não adquiri a certeza absoluta.”

Albert Einstein

Anónimo disse...

Ao anónimo da citação: Tenha juízo!!! fique lá com os seus amigos e comparsas do avental

Anónimo disse...

a Inquisição ao rubro neste blogue. Que o CDS tenha maçons ou católicos fundamentalistas é indiferente. O que importa é que o Partido não seja confessional e se preocupe em fazer Política. As opções individuais, filosóficas ou religiosas, não são do foro do partido nem motivo de discussão em nenhum plenário. Se gostam disso inscrevam-se no PCP.

Fernando Sousa da Pena disse...

A sua opinião é respeitável, mas discordo. Em primeiro lugar, custa-me a perceber uma sociedade secreta numa democracia. Depois, as fundações da maçonaria e a esfera de influências e favores ilegítimos que ela move não me parecem nada compatíveis com os princípios do CDS.

Tem direito, como outros, a querer um CDS descaracterizado, sem ideologia, sem princípios, ao sabor dos ares do tempo, no fundo um partido de oportunismo político.

Mas, por Programa, devidamente aprovado pelos militantes, o CDS é - ou deverá ser - um partido democrata-cristão. Se não é isto que se pretende, devolva-se a palavra aos militantes.

Fernando Sousa da Pena disse...

Exmo. Senhor Presidente do CDS-PP,
Caro Dr. Paulo Portas,

Há muita gente que é filiada no CDS (como eu) que reconhece que o CDS tem no Parlamento bons deputados e boas deputadas e que o seu Grupo Parlamentar lhe trouxe qualidade de trabalho.

E há realmente muita gente que não é do CDS e que também o reconhece.

(...)

Mas considerei e considero um erro grave (face à ideologia, ao programa político e à história do CDS) a persistente deriva liberal no nosso Partido, de que é decisivo paradigma a inclusão nalguns dos seus órgãos nacionais ou em lugares elegíveis da lista de deputados de pessoas que – apesar das suas qualidades pessoais e méritos profissionais – defenderam publicamente a agenda liberal da facilitação e descriminalização do aborto no âmbito do último processo referendário e de alteração legislativa, e mais recentemente, a do casamento homossexual (e não mudaram de opinião).

Como a grande maioria das pessoas, vejo o CDS como um partido de direita, não liberal, fundado, construído e vitalizado na medida de uma vasta partilha dos valores e princípios do humanismo personalista de matriz cristã.

A democracia cristã em que se perfila o CDS (e de que fala de modo muito claro o seu programa), é um pensamento político que se pode incorporar algumas ideias partilhadas pelos liberais (os direitos humanos, a liberdade ou a iniciativa privada e individual), apresenta cruciais diferenças relativamente ao puro liberalismo, porque defende uma agenda muito clara de valores éticos e morais.

(...)

Julgo que é especial dever e responsabilidade do CDS participar activamente nessa reconstrução ética e valorativa da sociedade e na intervenção governativa, através de medidas de correcção do que está mal ou muito mal e de ideias e propostas que lhe permitam ser a melhor solução para todos os problemas, novos e velhos.

Para tanto, entendo que é vital a promoção no CDS de uma profunda reflexão interna e de um debate muito alargado, tendo em vista poder dar voz à sociedade civil e assegurar contributos de nível máximo nos campos sócio – familiar, político, económico e educativo (mas inteiramente no plano das nossas linhas de rumo e acção).

(...)

Por isso, mais do que discursos ou de nomes “fortes” excessivamente orientados para a captação de votos, longe de derivas populistas, a acção política tem de se basear em pensamento claro e formulação de propostas sérias e de execução credível.

O CDS pagará sempre caro as suas tentações de sucesso fácil.

Princípios e valores firmes e seguros, ideias claras, trabalho consistente e protagonistas certos, é o melhor contributo do Partido para apoiar os Portugueses a encontrarem as soluções realmente aptas a responder à nossa situação de
excepcional gravidade.

Só assim, recusando populismos, servindo a verdade e comprometendo-se com o eleitorado, reunindo competências e alargando contributos, o CDS pode ser mudança e projecto, esperança em acção, a alternativa por que Portugal anseia.

(...)

Se a vida pessoal e a vida politica vivem de sinais, qual é o sinal que o CDS pretende dar aos Portugueses (hoje muito crispados com todas as manipulações políticas) com as escolhas que faz para os seus órgãos nacionais ou para as suas listas de deputados?

Que a coerência, os princípios e os valores já não contam para nada?

(...)

Miguel Alvim
Advogado
Conselheiro Nacional do CDS