sábado, 8 de setembro de 2012

Resta a indignação

O Senhor Primeiro-Ministro anunciou hoje o saque de mais 7% do salário de todos os portugueses. Depois do fracasso escandaloso das medidas de aumento da receita, o governo insiste que empobrecer os cidadãos e as famílias é o modo de o país sair da crise.

O CDS entende que a medida é «equilibrada». Sobre o assunto, já se percebeu que o meu partido mente aos portugueses sem sombra de decoro. Será que, mais uma vez, não haverá um deputado do CDS - um único - que seja fiel aos seus eleitores e aos princípios mais elementares do partido?

Longe vão os anúncios grandiloquentes de redução da despesa e a promessa de que agora sim, tínhamos um governo que sabia o rumo certo. Tanto quanto se pode ver, o único ministro que sabe bem o que quer é o inefável Dr. Relvas, que tratou de cumprir bem a sua tarefa de assegurar os intocáveis.

Mas, por favor, poupem-nos os discursos em tom condoído e o ar pungente que são tão repugnantes como as medidas que anunciam.

O ex-governante do PSD Mira Amaral considerou «chocante» a ausência completa de medidas de redução da despesa. O Prof. João Ferreira do Amaral falou em «erro tremendo». José Gomes Ferreira, na SIC Notícias, disse há pouco que «a loucura é tão grande».

Contra esta insanidade faltam as palavras. Resta a indignação.


9 comentários:

soliveira disse...

Esta é a medida que devería ter sido tomada logo no orçamento anterior;
1-As medidas são tranversais ao ponto de o T.C. não poder afirmar da desigualdade.
2-Os pagamentos para a S.Social, no seu conjunto, aumentam 1,25%.
3-O estado, como maior empregador, vai poupar 5,75% nos descontos dos trabalhadores o que contribui para diminuir os desiquilibrios na despesa.
4- As empresas, poupando o mesmo montante, ao mesmo tempo que lhes é baixada a taxa social, ficam com mais liquidez que poderá contribuir para o investimento.
5- Só, mesmo o contribuinte do sector privado, poderá ficar insatisfeito pois, normalmente nunca come à mesa do orçamento, em contrapartida, o funcionário público, pode olhar para o seu empregador como uma entidade que fica mais forte, podendo dar mais garantias de não rompimento de contratos.
6- Toda a gente espera reformas, o sentimento de solidariedade, deve aqui, ter uma importãncia primordial isto é, as reformas que me atingem a mim e ao meu sector, não devem ser encaradas como um ataque pessoal, mas sim, como um esforço do qual eu quero fazer parte com o orgulho e a grandeza de contribuir para o futuro dos meus descendentes, um futuro melhor para eles e não só, um presente bom para mim.

Fernando Sousa da Pena disse...

Confesso que não compreendo o seu comentáro. Nunca se resolveu uma crise económica colocando os contribuintes na indigência. Aliás, as medidas no mesmo sentido que este governo tomou mostraram o seu fracasso absoluto.

Sem poder de compra, haverá ainda mais contracção no consumo, com implicações imediatas para as empresas.

Não deixa de impressionar a avalanche de comentários profundamente negativos de analistas políticos com um pensamento de direita.

Estas medidas a ninguém aproveitam, a menos que o propósito seja o abismo da miséria.

Anónimo disse...

«Isto é uma desgraça. O que aqui é feito não é, como dizia o Tribunal Constitucional, dividir por dois, público e privado, o esforço. É manter o esforço dos funcionários públicos e acrescentar mais o esforço aos privados. Os funcionários públicos e os pensionistas nunca mais terão 14 pagamentos por ano», afirmou Pedro Santos Guerreiro, diretor do Jornal de Negócios.

Fernando Sousa da Pena disse...

Paulo Otero, professor catedrático da Universidade de Direito do Porto, considerou ao DN que o governo fez uma "utilização perversa do princípio da igualdade". Fala mesmo de uma "discriminação dupla".

"Primeiro, porque existem outros universos de rendimentos que não só os assalariados, que são os únicos atingidos e, depois, porque há adulteração da figura da taxa - que se chama assim por corresponder a uma contrapartida - transformando-a num imposto que é igual para todos independentemente do salário", explicou ao DN.

Fernando Sousa da Pena disse...

«Não há partido de direita que faça uma borrada destas.» (Pedro Marques Lopes, SIC Notícias)

Anónimo disse...

Mais uma intervenção corajosa de um espírito livre e sério. Cumprimento-o por isso, precisamos de políticos assim.

Fernando Sousa da Pena disse...

Já sabia que o que escrevi serviria para me acusarem de falta de fidelidade ao partido. Antes isso do que falta de fidelidade aos meus princípios e às pessoas que me confiaram o seu voto.

Antes de eu ser solidário com os governantes do meu partido, espero que eles sejam solidários com os portugueses e com os compromissos que perante eles sistematicamente assumiram.

Antes de me pedirem que me cale, espero que eles ponderem as palavras com que insultam aqueles que, vivendo do seu trabalho, caminham para a mais assustadora indigência.

Antes de pretenderem acusar-me de fazer mal ao partido com as minhas críticas, espero que reflictam muito bem no mal que, com as medidas que tomam, estão a fazer a Portugal.

soliveira disse...

Fernando Pena disse:
"Sem poder de compra, haverá ainda mais contracção no consumo, com implicações imediatas para as empresas."
Não podemos perder a coerência, nem a memória, afinal, foi o excesso de consumo que nos trouxe ao ponto em que nos encontramos.
O crédito fácil que nos levou a Cuba e a Porto Rico, que nos permitiu comprar o 2º automóvel, que nos prometia o TGV, que nos trouxe as SCUTS, a duplicação de serviços públicos, as fundações para as telecomunicações, o MST, os Pólis, os submarinos, a triplicação de A.Estradas para o Porto, os estádios de futebol, as cidades capitais da cultura, os centros culturais e multiusos,etc, etc, etc.
O consumo, de facto, propicia a venda de produtos e serviços que de outra maneira ficariam em stock, temos no entanto que observar se as medidas keinesianas de fomento ao consumo se enquadram numa economia que produz uma pequena percentagem do seu comsumo.
O regresso à realidade do equilibrio entre a capacidade de gerar riqueza e o racionalismo de gastar menos do que se ganha, vai ter consequências ainda mais profundas no tecido económico mas, será errado continuar a injectar dinheiro para consumir o que não se pode pagar e não se pode produzir.
O dilema é:
Como aumentar a nossa produção em termos competitivos, concorrendo com os bens que já se encontram no mercado, importados e a preços que aparentemente não justificam a sua produção nacional?

Fernando Sousa da Pena disse...

Creio que o que escreveu merece algum esclarecimento. Não pode misturar o consumo das famílias com as despesas faraónicas do Estado.

Não subscrevo a tese de que os contribuintes andaram a estourar dinheiro. Basta comparar o nosso nível de vida e o salário médio com a restante Europa. Não creio que a solução seja empobrecer os portugueses.

O que se passou foram décadas de políticas de esquerda, sacando aos contibuintes para sustentar um estado gordo, inefizaz e parasitado.

Não canto a «alegre pobreza» dos portugueses, tão sacrificados durante tanto tempo...