domingo, 7 de fevereiro de 2010

Ditosa Pátria

A estranha licenciatura na Lusófona, a variedade de assinaturas nos projectos de engenharia, o caso Freeport, a amizade peculiar com Vara (outro graduado especial da Lusófona...), o apartamento de Lisboa, os negócios da mãe e dos primos, o caso TVI e o Jornal da sexta que deixou de o ser, o silenciamento de Manuela Moura Guedes, a saída José Manuel Fernandes do Público, a palhaçada com Mário Crespo...

A lei do estatuto dos Açores, o salto mortal na avaliação dos professores, a confusão nas escolas e o laxismo nos exames nacionais, o recuo no aeroporto, a catástrofe do Ministro da Agricultura, a surpresa do défice, a brutal taxa de desemprego, o descrédito das forças de segurança, a ineficácia da justiça, a subserviência do Procurador-Geral da República, as ameaças ao estado de direito...

Alguém se lembra mesmo das razões que levaram Jorge Sampaio a demitir Pedro Santana Lopes e a dissolver um Parlamento com maioria estável?




Vasco Pulido Valente, em Público

«Alegadamente, o primeiro-ministro aprovou (ou, pelo menos, conhecia) um plano secreto e pouco saboroso para remover alguns críticos, que o irritavam, fazendo comprar a TVI e parte da imprensa por gente da sua confiança. As criaturas que ele queria exterminar eram, entre outras, o casal José Eduardo Moniz-Manuela Moura Guedes, como responsável pelo Jornal de Sexta, e José Manuel Fernandes, como director do PÚBLICO. Isto, a ser verdade, roça o absurdo. Nem o Jornal de Sexta, nem o PÚBLICO tinham o poder de pôr em risco o Governo ou sequer de afectar significativamente o prestígio e o estatuto de Sócrates. Se alguém tinha esse poder era o próprio José Sócrates, para não falar no grupo obscuro e anónimo, que, segundo se depreende dos documentos que o Sol revelou, o serviu zelosamente no terreno.

Não vale a pena insistir na ilegalidade e, sobretudo, na profunda imoralidade da operação, se por acaso existiu como a descreveram. Em qualquer sítio para lá de Badajoz, nenhum político sobreviveria um instante a essa grosseira tentativa de suprimir com dinheiro público o livre exame e a livre crítica, que a Constituição e os costumes claramente garantem. Mas não deixa de surpreender (e merecer comentário) que um primeiro-ministro de um partido que se gaba das suas tradições democráticas, declare por sua iniciativa, e sem razão suficiente, guerra aberta à generalidade dos media, que não o aprovam, defendem e bajulam. Não há precedentes na história deste regime de um ódio tão obsessivo à discordância, por pequena que seja, ou a qualquer oposição activa, de princípio ou de facto.

O autoritarismo natural de Sócrates não basta para explicar essa aberração na essência inteiramente inexplicável. Tanto mais que ela o prejudica e dá dele a imagem de um homem inseguro e fraco. Pior ainda: de um homem desequilibrado e perigoso. A única hipótese plausível é a de que o primeiro-ministro vive doentiamente no mundo imaginário da propaganda. Ou melhor, de que, para ele, a propaganda substituiu a vida: Sócrates já não partilha ou nunca partilhou connosco, cidadãos comuns, a mesma percepção de Portugal. Do "Simplex" que nada simplifica ao estranho melodrama sobre as finanças da Madeira que nada pesam, aumenta dia a dia a distância entre o que país vê e compreende e o que o primeiro-ministro afirma enfaticamente que é. Está perto o ponto em que só haverá uma solução: ou desaparece ele ou desaparecemos nós.»

1 comentário:

Anónimo disse...

Disse e muito bem!
As razões que levaram à dissolução da assembleia da república aquando da maioria estável do governo de Santana Lopes, nada teve a ver com razões de Estado, mas sim com favores à maçonaria, que é a grande máfia tentacular onde estes senhores se apoiam uns aos outros e que estão a deixar através de laços verdadeiramente criminosos Portugal num abismo total.
Abaixo este sistema mafioso que nos governa tão mal!!